terça-feira, 13 de maio de 2008


O amor nunca parte, texto já publicado neste espaço, também povoa a Palpitar revista de literatura e cultura, na seção criação. Quem quiser reler o texto e também conhecer a revista é só clicar: www.palpitar.com.br

Escritas Estações

Foto by Nardell


Quando escreveu a primavera Deus pensava em perfumar a sua solidão. Torná-la mais poética, povoada de aromas, inundada de sutilezas. A mais repleta das estações nasceu do ventre da solidão de Deus, as suas tintas ornam o poético que reside nas fragrâncias. As flores não possuem aromas, as flores vestem os aromas. Imaginem elegantemente vagando por ai, em noite ensolarada, um aroma vestido de orquídea. Delírio. Sou um colecionador de delírios.
Quando escreveu o inverno Deus pensava em se pensar melhor, e chorou. Encharcou o mundo, orvalhou a vida e fez nela brotar a poesia.
Quando escreveu o verão Deus quis dá um tom pomposo para o crepúsculo, hipnotizar olhos contemplativos, quis que olhos apaixonados tivessem a possibilidade de entardecer o amor desejado. Quis que poetas pudessem escrever frases como: Seus olhos de entardecer crepúscularam a minha noite. Meu amor cheirava a um lindo verão. Deus poemou tal estação e deu-lhe o calor do Seu acolher.
Quando escreveu o outono Deus quis que a poesia sempre renascesse, maravilhosa, quis o lirismo da delicadeza, o lirismo de árvore chorando. Quis fazer-Se poeta e Se fez.