sábado, 26 de abril de 2008

Matei um homem.

Pintura de Radaelli


Cometi um crime, assassinei um homem e sua sensibilidade e sua tristeza e sua solidão e seu desespero e sua infância e sua oração e seus orgasmos e seu vazio. Assassinei um homem e sua ternura e seu desespero e seu poema e sua fome e sua alegria e sua elegância e seu querer e seu sentir.
Cometi um crime, assassinei um homem e sua profundidade e seu silêncio e sua nudez e sua dança e seu medo e seu dia e sua noite e seu verbo e sua ebriedade.
Cometi um crime, assassinei um homem e o seu grito e seu inferno e sua paz e sua harmonia e seu mistério e sua glória e sua ardência e seu abandono e sua identidade. Assassinei um homem e suas paixões e sua insônia e seu acordar e seus sonhos e suas metáforas e suas aliterações e suas metonímias e sua linguagem.
Assassinei um homem e seu respirar e sua confissão de amor e seu se deixar e seu estar e seu partir e seu ficar. Mais uma vez confesso, assassinei um homem e sua escrita e sua fé e sua velhice e seu beijo e seu desejo e sua espera e seu amor.
Matei um homem, vocês precisam acreditar em mim.

5 comentários:

Unknown disse...

Corajosa tua confissão. Eu acredito em você, mas não quero te punir e nem saberia como. Abraços poeta.

Anônimo disse...

Realmente uma forte revelação, parece-me que você de fato coloca em risco a tua reputação e não parece enm um pouco preocupado com isso. Te admiro cada vez mais poeta.
Abraços grandes.

Anônimo disse...

Alessandro maluco! Esse é doido mesmo. Abraços poeta.

Anônimo disse...

"Ouvindo" esse texto na melhor das companhias.

Anônimo disse...

Sou apaixonada nesse poema, como ele retrata a mudança interna sofrida.