terça-feira, 25 de março de 2008

O amor nunca parte.

Pintura - John William Waterhouse
Um amor nunca parte. Ficam os cheiros, os hábitos, os livros repletos de suas pálpebras, a solidão acompanhada. Um amor nunca parte. Fica o delírio do corpo a espera das mãos, o delírio do copo sem espera nenhuma, fica a ausência da embriaguez que se queria sua. Um amor nunca parte, fica o seu perfume povoando todos os lugares, sendo todos os lugares, residindo na pele da alma, perfumando o tom da voz, dando cheiro ao corpo da ausência. O cheiro do amor é algo insuperável, onipresente, é algo insinuante. É uma existência tão dentro que não sabemos nossa.
Na memória poética, fica a doçura do olhar, a ternura das mãos, o choro mansinho, o sorriso brotado quando triste. Ficam na pele os atalhos que suas mãos construíram e que não mais levam ao prazer.
Um amor nunca morre, ele nasce em outro lugar da nossa alma. Um amor nunca parte inteiro porque nunca esteve pleno, foi sonho mesmo o real lhe acontecendo.
O amor e sua partida vieram do mesmo ventre. O amor existe do jeito que sonha; sua partida existe do jeito que doe.

7 comentários:

Anônimo disse...

Mais um texto magnífico!!!
A tua sensibilidade é essencialmente poética.

Unknown disse...

"Lipirius": Digno de quem conhece bem a essência do amor.

Parabéns, Palmeira.

Silvestre Gavinha disse...

Belo e um pouco triste, como os vidros de perfume há muito guardados.
Baudelaireando.
Um abraço
Marie

Anônimo disse...

Você precisa buscar uma editora de grande porte. Teus trabalhos são lindos e sérios, não devem ficar limitados.
abraços

Phrann disse...

O Amor nunca parte, nunca morre, porque nao existe fisicamente.
Talvez apenas exista no vento soprando esses versos nos nossos ouvidos..

Bjaos Ale

Priscilla Silmara disse...

Simplesmente lindo!
Realmente alguém sempre deixa algo em nós e o melhor é saber que leva um pouquinho da gente...portanto tem sempre alguém lembrando de nós em algum lugar. isso é confortante.

Vou roubar esse poema viu! Posso pôr no meu blog? é muito lindo!
bjão

Anônimo disse...

O amor é bom, nos torna mais felizes, mas também dói, machuca...

Irônico, não?!

Adorei o texto!

Bjoks