quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Entrevista


Entrevista concedida para alunos da 6ª séria da Escola Monteiro Lobato. Afogados da Ingazeira



Por que você escolheu essa profissão?
Eu não escolhi, ela me escolheu. A minha escrita nasceu de uma ausência, quando a minha mãe encantou-se (quero dizer faleceu) cinco dias depois escrevi o meu primeiro poema. Um poema trágico, brotado da dor. O meu ofício de escritor é a minha vida, é o que há de Deus em mim. Será que Deus costuma doer?

Faz quanto tempo que você exerce tal profissão?
Tenho um caso de amor com a literatura desde a infância, quando o livro: “O pequeno príncipe” não me saia das mãos. As suas imagens poéticas me deixavam absorto. Mas, como falei anteriormente a escrita veio com o falecimento de minha mãe. O despertar da minha escrita veio com o seu cerrar de pálpebras.

O que você sente quando está escrevendo?
Um sentimento de liberdade, de gratidão, de amor. Com meus personagens dou corpo ao que em mim é incorpóreo, visto minha alma com o bordado das palavras, também a dispo da própria nudez. Meus personagens embalam meus sonhos e põe pra dormir meu medo.
O que seus livros retratam?
O primeiro Amor, Abstrata Loucura é um livro de poemas. Poemas com cheiro de infância apesar do que há de profundo em alguns deles. Batizei esse meu primeiro livro como meu pecado de juventude, não o lançaria hoje em dia, o acho muito imaturo. São poemas que ainda molham as fraudas. (risos). O segundo O Diário de Mória é o meu xodó, pois enquanto estava a escrevê-lo conheci um pouco mais sobre mim, sobre Deus, sobre a loucura que habita o cerne humano. Tive como matéria-prima a loucura, conversei com “loucos” e me descobri um. E o meu último livro lançado se chama Prece ao Pecado, um romance que desnuda nossos desejos.

Qual seu maior sonho?
Tenho vários sonhos o que é peculiar a todo ser humano. Não dá para definir qual é o maior, tenho sonhos adultos e sonhos meninos, sonhos ainda criança, sonhos ainda aprendendo a falar o próprio nome.

As crianças têm acesso as suas histórias?
Já me surpreendi diversas vezes com crianças falando trechos dos meus livros, dizendo que leram ou que os pais leram e comentaram. Apenas não recomendo o terceiro, pois o mesmo tem trechos inadequados para crianças e adolescentes. Tenho um livro em processo de gestação para crianças, talvez para o ano seja lançado.

Que livro seu fez mais sucesso?
O Diário de Mória. Consegui vender todos os exemplares em apenas 3 meses.

Você tem algum ídolo escritor que se inspira nele?
Não busco inspiração nos escritores, apesar de ter uma multidão deles que admiro. Busco inspiração na natureza das coisas e dos seres. Nos gestos inocentes das crianças, no olhar da noite que cai sobre nós, na loucura humana nossa maior razão, nos aromas que nos embriagam, no silêncio que arranha a pele do verbo. E em tantas outras coisas que as palavras buscam vestir. Aproveitando o ensejo quero aproveitar para parabenizar a professora e a Escola Monteiro Lobato pelo incentivo e orgulho que tal atividade nos oferece.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sempre sinto saudades do meu sertão. E você com esse poema me fez chorá-lo. Quanto a entrevista, acho que você deveria postar como poesia. Pois você até quando fala é poético ao extremo. Abraços amigo poeta.

Diego Recife

Professor Luciano Gomes disse...

Fico profundamente agradecido por ter um conterrâneo tão cheio de pureza d'alma. Um conterrâneo tão cheio de ensinamentos para nos dar. É realmente bastante gratificante ter você em nosso meio, a nos inspirar para a arte da leitura.
Um grande abraço, meu velho amigo.
Luciano Gomes da Silva